Um destes dias, dos frios, que o
tempo parece fazer tandem com os que no mundo mandam ou se calhar concorrência,
não respeitando a ordem das coisas e surpreendendo-nos com alterações que nos
trazem inquietude e desconforto… ah, dizíamos – um destes dias, dos frios,
sentados à lareira, a mais antiga, porque agora vamos ter duas, observávamos
o abraço quente e fatal do fogo a um tronco de lenha, fazendo-se de fortes as
labaredas esqueciam-se que logo que a madeira se consumisse também elas se
extinguiriam e, a menos que alguém ainda mais forte as alimentasse, ali jazeriam igual às cinzas do fraco tronco de lenha. Engraçado como
entendemos o que o que nos estava a faltar! Já vos dissemos que a obra está
praticamente concluída e apenas estamos a ganhar tempo para, após acertado o
dia da inauguração, mostrarmos como ficou. A verdade é que, de forma figurada,
falta-nos a lenha. Meses de luta e enorme canseira estão finalmente a acabar e
parece que lhes estamos a sentir falta. Estranho o nosso pensar… por este andar
se entre os nossos leitores estiverem estudiosos da mente serão seguramente (?)
os nossos primeiros clientes… de bata branca e munidos do íconizado martelinho virão
testar-nos os reflexos… cá estaremos, na certeza que lhe iremos proporcionar
uma excelente estadia, uma confortável noite e quem sabe um delicioso chouriço
assado à lareira servido…
A verdade é que fazer obra,
moldá-la, esculpi-la, pintá-la o que quer que seja ou como quer que seja, é de
tal forma envolvente que a dada altura, esforçando-nos para não esquecer a sua
razão, não paramos até a concretizarmos sempre melhorando o que estava pensado.
Claro que este raciocínio apenas é válido quando a obra nos sai de dentro.
Conhecemo-la como ninguém… como foi feito, como conseguimos superar as dificuldades
e, finalmente sentados à lareira vendo os fracos
e os fortes a consumirem-se
mutuamente, descansamos a mente com a certeza que tudo ficará de forma a
agradar quem quer que nos visite.
Com carinho e muito cuidado
escolhemos os materiais, as cores, os enquadramentos, as decorações, a
iluminação, as loiças, os lençóis, os atoalhados numa enorme lista de detalhes
que pretendemos, sem que se dê por eles, tornem uma estadia na nossa casa de
campo, uma suave e relaxante experiência.
Et voilá! Achamos que um
galicismo seria uma divertida maneira de fechar este capítulo, contrariando os anglicismos que parecem dominar as tendências atuais, como contraponto do
dramatismo das formas de estilos hoje aqui usadas até porque do que hoje
queríamos falar era da maqueta … mas não “saiu”! Fiquem
com a imagem que depois falaremos dela - a maqueta (do francês maquette)…
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