Aparentados a membros de seita, em silêncio seguimos a senhora em todos os seus passos através da simpática aldeia e após atravessá-la, descemos uma estreita estrada ladeada por um riacho. Já tínhamos deixado o casario para trás quando avistámos do lado direito um conjunto de casas rurais de dimensão considerável e uma outra casa mais adiante. Nada mais parecia haver por perto. Aumentava a expectativa quanto ao destino. O passo lento da velha senhora impedia que o andamento fosse sincronizado com o nosso ritmo cardíaco acelerado pela ansiedade. A curiosidade era grande até porque era a primeira casa que íamos ver decorrente da nossa prospecção. Mantendo o silêncio continuámos a descida até que, a nossa determinada guia, puxou por um baraço e do bolso do avental surgiu um molho de chaves tendo dele isolado uma e, como que a desculpar-se, disse - está muito velha, faz muito tempo que ninguém a habita... - e lá estava! A líder da pequena excursão acabava de abrir o loquete do conjunto de casas que havíamos avistado minutos atrás. De facto, como nos tinham dito, não era uma casa pequena, de pequena nada tinha.
Falta-nos a habilidade literária suficiente para relatar o que sentimos. Um cadinho emocional fundia as primeiras impressões. Apesar de ainda ser possível imaginar quão bonito teria sido tudo aquilo no passado , o estado de degradação era tal que nos deixou confusos. O que ainda hoje nos questionamos é a razão da imediata filiação àquele local. Nas cantarias podia-se ler que a construção datava de 1887. No lagar da adega a inscrição "1888" dava conta que, naqueles tempos, a edificação tinha uma velocidade muito própria, além de confirmar o que visualmente era evidente - a antiguidade dos edifícios.
Minutos depois pedíamos à solicita e recém-consagrada mediadora que nos facultasse o contacto da proprietária.
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