No regresso demos largas à imaginação. O que fazer? Sem termos ainda uma ideia exacta da dimensão dos espaços, dividíamos já as áreas de acordo com as necessidades de cada um. As crianças aderiram de imediato ao sonho e logo começaram a disputar as melhores soluções. Na verdade o estado de degradação das duas casas era tal que mal pudemos ver o seu interior. A adega de grandes dimensões e em razoável estado de conservação, foi a zona da casa mais disputada e longas foram as divagações sobre a sua futura utilização. Sentimos que aquela casa já era nossa, a confirmação de tal certeza vinha de uma qualquer "força superior" que parece ter tornado irreversível esse facto. Os astros tinham ditado que assim seria.
Acabados de chegar a casa precipitámos-nos para o telefone e, à senhora a quem os astros tinham já decidido passar à condição de "ex-proprietária", relatámos a nossa visita à ainda sua propriedade.
Vivia-se por esses dias a euforia do Euro (€). Levantavam-se notas como se fossem certificados de prosperidade eterna. Porventura como a nossa atenção estava dividida entre as obrigações profissionais e este desafio de mudança de casa, não nos entusiasmámos com a alteração da moeda. No entanto não estávamos isentos da dificuldade de adaptação e fazíamos, como toda a gente, contas à paridade com o escudo. Apesar dos sustentados conhecimentos de matemática que nos orgulhamos de possuir, sempre recordamos que foi com alguma atrapalhação que recebemos a notícia do valor de venda transmitido em Euros pela proprietária nessa mesma noite. Só para não darmos parte fraca evitámos a fatídica pergunta - e isso quanto dá em contos? - Ficámos de dar uma resposta mais tarde.
Sem comentários:
Enviar um comentário